Festival Passagens 2024


Estamos a organizar uma terceira edição do Festival Passagens!

Em 2024, na SMUP – Sociedade Musical União Paredense, entre os dias 25 e 26 de Maio, comprometemo-nos a organizar um fim de semana de educação, discussão e celebração da migração em Portugal.

Vamos fazê-lo com artistas, oradores e comida do mundo e contamos contigo para um fim de semana incrível.

Onde? SMUP – Sociedade Musical União Paredense, Parede.

Quando? 25 e 26 de Maio de 2024

Abertura de portas: 14h

 


Música

Bia Ferreira

Bia Ferreira é uma cantora, compositora, multi-instrumentista e ativista brasileira que define a sua música como “MMP — Música de Mulher Preta”. As suas músicas são contra o racismo, a homofobia e outros assuntos. O feminismo, o amor e a política são também temas que gosta de explorar.

Ela tem tocado a solo ou com a sua banda em todo o Brasil e na Europa desde 2017. Em outubro de 2022, fez um showcase na WOMEX em Lisboa, que acabou por ser um dos melhores shows da feira. Aquela vitrine (e claro, tudo que a Bia Ferreira vem fazendo desde adolescente) finalmente deu a ela o que ela sempre quis: que a sua música pudesse ser ouvida por pessoas de todo o mundo, até com letras cantadas em português.

Em 2023 efetuou cerca de 53 concertos em toda a Europa nos formatos solo e trio, incluindo alguns nos EUA e Canadá. A Bia Ferreira também atuou em alguns dos mais importantes festivais europeus, fez ainda em agosto, concertos no Canadá a solo e em trio, em Nova Iorque no festival Summer for the city no Lincoln Center. Curiosamente, já em janeiro de 2024, regressou ao Lincoln Center para participar no festival Global Fest.


Batukadeirax

O grupo BatukadeiraX surge em 2020, no seguimento da Tour Madame X de Madonna e, atualmente, a proposta do seu projeto é difundir o batuko numa abordagem diferenciada do tradicional.
Madonna teve o seu primeiro contacto com batuko enquanto esteve em Portugal. Desta estadia, surge a inspiração para o álbum Madame X, que conta com a participação de vários artistas, incluindo o grupo Orquesta de Batukadeiras.
Atualmente, o grupo BatukadeiraX é composto por 7 mulheres, das mais diversas idades, mas com um só propósito: enaltecer o Batuko pelo mundo e garantir o legado e fusão deste ritmo de Cabo Verde. É uma junção de sons, melodias e letras (originais e de autores cabo-verdianos, como Orlando Pantera, por exemplo) que contam histórias e transmitem emoções.
Apresentaram-se a 1ª vez como grupo em 2021, em Lisboa, e desde então têm percorrido Portugal de Norte a Sul com atuações. No âmbito da Madame X Tour, puderam apresentar o batuko internacionalmente e como grupo independente chegaram pela primeira vez além-fronteiras com uma atuação em Madrid no início de 2023. 


Sons do Afeganistão

Um grupo de músicos afegãos residentes em Portugal junta-se para celebrar a sua herança partilhada e a diversidade de culturas e tradições das diferentes regiões do seu país de origem.

Durante uma hora, os músicos Waheed Amiri (tabla), Shafi Sepehr (harmonium e voz), Ebrahim Mohammadi (santur) e Waris Safi (rubab) levam-nos numa viagem pelo país, através dos seus diversos sons, ritmos e poemas. De Cabul a Herat, este concerto é um retrato em cores vivas da vasta tapeçaria musical do Afeganistão.

 


Saya

Saya é uma força artística multipotencial, investigadora musical e ativista antirracista. Nascida em Santiago de Compostela, originalmente da Palestina e radicada no Porto, posiciona-se na cena atual como uma DJ multigénero, influenciada pelos vários mundos culturais e artísticos que a rodeiam. Formada como Farmacêutica, Técnica em VDJ e Som e actualmente a estudar Music Business na Arda Academy, alia a sua função de selectora musical à paixão pela produção cultural, fotografia, videografia e experimentação sonora com gravações de campo.

No seu percurso podemos citar inúmeros clubs, venues e festivais na Galiza, além da participação na Boiler Room x Sisters of Rave, atuações em salas Espanholas como Razzmatazz (Barcelona), Sala El Sol (Madrid), e em clubs de Portugal como Pérola Negra ou Maus Hábitos (Porto), Musicbox e Arroz Estúdios (Lisboa) e Art Haus (Faro). Mais recentemente no Tremor (Ponta Delgada, Açores) fez a sua estreia do novo formato dj set + live visuals com a artista Bárbara Paixão. Adicionalmente também deu o salto internacional com mixes para programas de rádio como HKCR (Hong Kong), Rebel Up! (Bruxelas) ou Radio Flouka (Paris) onde explora sonoridades fora do clubbing.

As suas sessões são marcadas por ritmos de raiz, com géneros que vão do kuduro à electrónica experimental árabe, gqom, baile & rave funk, desconstruted club, UK bass, Latin club ou amapiano entre outros. Uma viagem em que explora sons de diferentes regiões e lhes dá o reconhecimento e visibilidade das resistências existentes nesses territórios e na diáspora. Assim, seu DJ set cria um espaço cuidado e de celebração das dissidências, e nos lembra que a luta antirracista também é possível através da música.


Performance com Shahd Wadi

Shahd Wadi (3.2.1983) é Palestiniana, entre outras possibilidades, mas a liberdade é sobretudo palestiniana. Tenta exercer a sua liberdade também no que faz, viajando entre investigação, tradução,  escrita,   curadoria,   consultorias artísticas e performance onde colaborou com Carlota Lagido (Mina/ Jungle Red) e Christiane Jatahy (Moving People). Procurou as suas resistências ao escrever a primeira dissertação de Doutoramento em Portugal, em Estudos Feministas pela Universidade de Coimbra, que foi publicada no livro “Corpos na trouxa: histórias-artísticas-de-vida de mulheres palestinianas no exílio” (2017), que serviu de base da performance apresentado ultimamente no II Festival Eufémia: Perspectivas de Género e Identidades em Cena.

No seu trabalho aborda as narrativas artísticas no contexto da ocupação israelita da Palestina e considera as artes um testemunho de vidas. Também da sua.


Performance com Dori Nigro e Paulo Pinto

Dori Nigro, performer pernambucano que vive em trânsito entre Brasil e Portugal e Paulo Pinto, multiartista não binário,
cearense radicado em Pernambuco que vive em trânsito entre Brasil e Portugal, apresentam “Pin Dor Ama: Primeira Lição”.

“A senha da dor é o amor. Um dos significados do nome Pindorama é “uma terra livre de todos os males”. Arqueólogos acreditam que essa mitologia se constituiu quando das antigas migrações ameríndias, do interior para as margens litorâneas. Antes das invasões pelas águas coloniais e da imposição de outros nomes. Ondas de violência, afogamento, soterramento, apagamento de memórias que, feito tsunami, arrastaram-se das bordas ao centro, interferindo na natureza; adulterando fauna e flora, as gentes e as relações com as outras gentes, com as coisas, com o tempo e o meio, com as crenças, com a história, com a vida e a morte dos povos originários e do sequestrados de outras nações. Na arqueologia dos afetos, das narrativas dos ignorados e das revoltas massacradas procuramos as referências para sobreviver aos sufocamentos diários, intemporais. O chão de giz é a primeira lição, rituais dos nossos encontros às diferenças. Esboços de lucidez em constantes estados de pânico demarcados pelas comparações e estranhamentos dos outros sobre nosso corpo, raça, gênero, relação, condição de cidadãos de papel… sempre estrangeiros do sul global. Confrontar é desconfortar. Arrancar a máscara do vírus ancestral. Resistir à poeira colonial. Resposta: passam o pano. Cartografias sentimentais tatuadas na anamnese de corpos, em testamento: gênesis, êxodos, números, crônicas, provérbios, cânticos, sabedorias, lamentações, epístolas, atos… e apócrifos de dois companheiros, de vida e arte, que projetam passados e futuros como utopias do presente, em busca de “uma terra livre de todos os males”. O rastro das águas das colônias empesta os sentidos, enquanto o perfume dos encantados encarnados banha, liberta, guarda e convida ao rito. Às vezes é preciso dançar para não esquecer, enlouquecer. A senha da dor é o amor: PIN DOR AMA”


Conversas

Exploração de migrantes em território nacional.

Curadoria: Anabela Rodrigues

Uma conversa sobre direitos humanos não tem fixação de datas, uma atitude acolhedora, amiga para qualquer pessoa que vive no nosso país é cumprir Abril, é permitir que mantenhamos a paz em Portugal e no mundo.

Nós e eles – Colonialismo e a Fronteira Europeia.

Curadoria: Miguel Duarte (Humans Before Borders)

Nós e Eles – Colonialismo e a Fronteira Europeia. Nunca houve tantas pessoas a atravessar fronteiras como hoje, e também nunca houve tanta violência sobre migrantes como a que vemos agora. De Genova diz-nos que é a fronteira que faz o migrante. De que forma é que as fronteiras europeias criam em nós a conceção do outro, do estrangeiro? De que forma é que isso nos condiciona a aceitar a desigualdade? Talvez mais importante do que tudo: de que modo é que estas construções de ‘nós’ e ‘eles’ são informadas pela nossa herança colonial?

Justiça e políticas reparativas nos bairros perifericos e suburbanos.

Curadoria: Sinho Bessa (Associação Cavaleiros São Brás)

50 anos após o 25 de Abril de 1974 e fazendo um balanço rápido chego à conclusão que a liberdade não chegou a todas e a todos, já que muito falta para que haja um real acesso ao pão, à saúde, educação, habitação, justiça e cultura, nomeadamente devido à inexistência de políticas públicas de reparação histórica.

Os manuais escolares continuam a veicular uma narrativa que despolitiza o colonialismo e ignora o racismo. A carência económica leva a que muitas famílias não tenham acesso a uma alimentação digna, variada e saudável; Perante a precarização e abandono do serviço público de saúde são as famílias mais empobrecidas que têm sofrido de forma premente; A financeirização da habitação, mesmo que esta seja um direito consagrado na constituição tem atirado para a rua, para a precariedade e para a sobrelotação, em particular as famílias economicamente mais carenciadas, muitas delas negras; A justiça tem sido extremamente injusta para as populações pobres, negras e ciganas, empurrando-as para um futuro sem rumo; Na cultura, a apropriação vem escancarar a falta de oportunidades para agentes e produtores culturais negros;

Mas, perante tudo isto, sublinho a resiliência, resistência, sacrifício, riquezas, alegria e contributo em várias áreas para o desenvolvimento de Portugal que as comunidades africanas e negras em Portugal deram e continuam a dar mesmo perante todos os entraves e obstáculos no caminho. Nu sta Djuntu. Nu sta Forti.


Artes Visuais

Mwana Photography

Mwana é artista visual que trabalha com fotografia e vídeo e instalação. No seu trabalho Mwana explora questões de género, identidade, e memória coletiva africana, que representa com elementos do afro-surrealismo. Mwana está, atualmente, sediada no Porto.


Bazofo

Bazofo é uma palavra em Criolo Cabo Verdiano que descreve alguém com estilo e atitude. É também uma marca sustentável e ética da Cova da Moura, em Lisboa. A Bazofo faz parte de um projecto cultural chamado Dentu Zona, que significa “no bairro”. O projecto envolve actividades como mercados na Cova da Moura para mostrar talento local, eventos culturais e de música para dar espaço para artistas da comunidade.


Sama

Sama é um artista brasileiro que vive e trabalha no Porto.

Sua produção constitui um “Atlas”, que se desdobra por linguagens e dispositivos como: Desenho, Pintura, Escrita, Colagem, Objecto, Teatro, Arte Sonora, Cinema e banda Desenhada. O foco do seu trabalho geralmente é referente a temas fracturantes da sociedade como: erotismo, política, choque de classes, realidades alternativas, mas com uma perspectiva anticapitalista a partir de um ponto de vista periférico e de um estrangeiro. Junto com Luísa Sequeira, sua companheira fundou a OFICINA IMPERFEITA, um espaço de desenvolvimento e práticas de arte de viés anti-hegemônico. Sama integrou exposições individuais e coletivas no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Lisboa, Porto, Beja, Londres, Mindelo, Viena etc…

Publicou livros e zines distribuídos no Brasil, França e Portugal. Também realiza filmes experimentais, entre eles destaca-se a animação “Motel Sama” e a curta transmídia “Detective Ayahuasca”.


Comida