Posição sobre o naufrágio em Pylos

E sobre a contínua negligência Europeia em relação à vida de migrantes

[Tradução em curso]

Na manhã do dia 14 de Junho, um barco de pesca com o que parecia ter aproximadamente 750 pessoas, naufragou na costa de Pylos, na Grécia. 

O barco terá partido do Egito e parado na Líbia antes de seguir rumo a Itália e a bordo estavam crianças, mulheres e homens à procura de segurança e de oportunidades para as quais estariam dispostos a sacrificar a vida. A maioria das pessoas em questão, do Egito, Síria, Paquistão e Palestina, acabaram por deixar regiões de conflito e de desigualdade para se depararem com as muralhas Europeias e com mais morte no seu destino.

De acordo com a ONG Alarm phone, as pessoas a bordo entraram em comunicação com eles, nomeadamente para enviarem as coordenadas do barco quando se começou a afundar e a ONG entrou então em contacto com as autoridades gregas e com a Frontex para os alertar para o caso. Horas depois, foi referido que a guarda costeira grega se aproximou do barco, observando-o à distância sem dar qualquer tipo de apoio. Oficiais gregos alegam ter oferecido ajuda, que terá sido recusada por quem se encontrava no barco e que referiram que pretendiam seguir diretamente para Itália. De acordo com sobreviventes, esta alegada recusa em aceitar ajuda poderá estar relacionada com o medo de um “push-back” ou mesmo de afogamentos propositados. 

Horas mais tarde, de acordo com testemunhos de pessoas a bordo, a guarda costeira tentou rebocar o barco a águas italianas, longe de águas gregas (uma eventual tentativa de “push-back”) e assim que sucederem em atar uma corda ao barco, este afundou. Com o início do naufrágio, a guarda costeira ativou uma missão de resgate com a colaboração de um drone da Frontex e acabou por levar os sobreviventes e os corpos encontratos até  Kalamata, o porto mais próximo na Grécia.

Até agora, cerca de 100 pessoas foram encontradas com vida e 80 pessoas sem vida. Isto significa que cerca de 570 pessoas estão por encontrar e o mais provável é estarem no fundo do mar com o barco. De acordo com sobreviventes e testemunhas, as pessoas presas dentro do barco durante o naufrágio eram maioritariamente mulheres e crianças.  

Apesar da quantidade de “push-backs” e de mortes que acontecem diariamente desde há anos, a Grécia anunciou 3 dias de luto nacional no seguimento deste naufrágio,

Nove dos sobreviventes foram presos por alegado “tráfico ilegal de pessoas estrangeiras”.

Quem são realmente os culpados quando não há rotas seguras para quem procura asilo e quando estas pessoas têm mais medo de encarar “push-backs” e violência do que de morrer no mar?

Hoje em dia, os requerentes de asilo estão a ser forçados a escolher rotas mais longas e perigosas até à Europa para evitarem território Grego, pela frequência dos “push-backs” e pela hostilidade exibida pela guarda costeira da Grécia e pelos agentes da Frontex – isto significa que o número de mortes vai continuar a aumentar, independentemente da cobertura dos media.

Mais de 52.760 mortes de migrantes foram documentadas até Junho de 2023 – é esta a Europa da qual queremos fazer parte? 

Juntem-se a nós dia 25 de Junho para apoiarmos as pessoas migrantes e refugiadas e protestarmos contra as políticas migratórias que mataram e continuam a matar tantas pessoas. Precisamos de rotas seguras e dinas para quem procura asilo, em vez de continuarms a militarizar as fronteiras e recebermos pessoas refugiadas com violência e vergonha.